segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

RAFAEL / 22




" Mas a família do velho médico não tinha as mesmas razões para respeitar esse segredo. A curiosidade natural que despertam os hospedes nestas casas que vivem de estranhos, interpretava à mesa todas as circunstâncias, todas as probabilidades, as mais simples noções que podia colher acerca da jovem estrangeira. Sem interrogar e evitando mesmo provocar a conversação a seu respeito, tive conhecimento do pouco que se principiava a saber dessa existência oculta. Interrompida debalde a conversa que todos os dias se repetia às horas da comida sobre o mesmo assunto; homens, mulheres, crianças, raparigas, banheiros,criados da casa, guias das montanhas, barqueiros dos lagos, a todos ela impressionava, maravilhara e enternecera sem falar a pessoa alguma. Atraíra o pensamento, o respeito, a conversação, a admiração de toda a gente. " Continua

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

domingo, 1 de fevereiro de 2009

RAFAEL/21



" Depois, quem era esta mulher? Uma criatura como eu ou uma dessas aparições, desses meteoros vivos que perpassam pelo céu da nossa imaginação, num rápido deslumbramento da vista? E o seu coração estaria livre para corresponder ao meu? Seria crível que tão deslumbrante beleza tivesse feito a travessia do mundo e chegado aquela fascinante maturação que é quase o declinar da mocidade, sem ter abrasado na sua passagem alguém em que os seus olhos houvessem pousado?
Tudo isto eu dizia a mim mesmo, para afastar de mim a obsessão involuntária, desanimada, e ainda assim deliciosa. Não queria informar-me a seu respeito. Achava indigno do meu estoicismo querer desvendar o incógnito. Correspondia mais ao meu sentir, era mais agradável à minha própria dignidade, deixar flutuar o espírito nessa hesitante ignorância." Continua

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