quinta-feira, 15 de maio de 2008

RAFAEL/8



" O primeiro arrebol da manhã começava a filtrar-se quase insensivelmente pelas fendas da fresta da trapeira. Fui abri-la, esperando que o ar fresco, matutino e balsâmico, do lago e das montanhas, e talvez também o primeiro raio de sol, tivessem a influência do acordar geral da natureza sobre essa existência que eu já quisera despertar á custa da minha. Um ar fresco e quase glacial espalhou-se pelo quarto e apagou a candeia amortecida. Mas na cama não houve sinal de vida. Ouvi as pobres aldeãs, lá em baixo, rezando juntas, antes de principiar os trabalhos do dia. A ideia de rezar ocorreu-me também ao coração, como surge a todas as almas que se sentem exaustas, e que necessitam de que uma força misteriosa e sobre humana se alie á tensão impotente dos seus desejos.  Ajoelhei-me no sobrado, com as mãos unidas, á beira do leito e os olhos fitos no rosto da jovem."(Continua)

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