quarta-feira, 14 de maio de 2008

RAFAEL/7



"Jamais o olhar e a alma de um homem se abismaram durante tantas horas em tão dolorosa e singular contemplação. hesitante entre a morte e o amor, achava-me incapaz de compreender se a figura angelical, adormecida ante meus olhos, era uma eterna dor ou uma eterna adoração, que essa noite me preparava com o seu mistério, ou que a madrugada ia restituir-me com o regresso á vida. Os espasmos do sono, que não eram bastante fortes para a reanimar, tinham repelido o lençol,  e descoberto um dos ombros, onde caíam os cabelos em grossos anéis pretos e espessos. O colo, prostrado no travesseiro estava curvado pelo peso da cabeça, que pendia para trás um pouco inclinada para o lado direito. Um dos braços tinha-se desembaraçado da roupa e deixava ver a nudez  de um cotovelo de marfim."(Continua)

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