sexta-feira, 27 de junho de 2008

" RAFAEL/ 15"



"Por mais que procurasse, esta sensação nada tinha de preciso, articulado ou definido em mim. Era muito completa para ser medida, e não era possível medi-la com o pensamento, nem analisá-la pela reflexão. Não era a beleza da criatura sobrenatural que eu adorava, porque a sombra da morte ainda estava concentrada entre essa beleza e os meus olhos; nem o orgulho de ser amado por ela, porque ignorava se para ela era apenas um sonho da manhã em seu espírito; nem a esperança de possuir  os seus encantos, porque o meu respeito era mil vezes superior a  essas vis satisfações dos sentidos para o meu pensamento se baixar até elas; nem a vaidade satisfeita duma conquista  de mulher a ostentar, porque essa vaidade fria jamais penetrara na minha alma, e não havia nesse deserto pessoa alguma perante quem profanasse o meu amor, desvendando-o, para dele me vangloriar; nem a esperança de encadear o seu destino ao meu, porque sabia que ela pertencia a outro; nem a certeza de a ver e a felicidade de seguir-lhe os passos, porque não era mais livre do que ela e em poucos dias o destino ia separar-nos; nem, finalmente, a certeza de ser amado porque ignorava tudo quanto em seu coração se continha, excepto o gesto e as palavras de reconhecimento que ela me dirigira! " ( continua)     

1 comentário:

isabel mendes ferreira disse...

da.....capacidade de a.ternurar....


.


gostei.


muito.



___________.

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