sábado, 20 de dezembro de 2008

RAFAEL/17



" Às vezes, á noite. chegando á janela do jardim, avistava outra janela aberta, alumiada por uma luz, a pouca distância da minha, e uma figura de mulher, encostada como eu, que afastava da fronte, com a mão, as longas madeixas de cabelo, para contemplar também o jardim resplandecente de luar, as montanhas e o firmamento. Nesse claro- escuro, eu só distinguia um perfil correcto, pálido, transparente, rodeado de ondas negras dum cabelo liso e unido ás fontes. Essa figura desenhava-se no fundo da janela, iluminada pelo candeeiro do quarto. Também me chegara por vezes o som duma voz feminina proferindo algumas palavras ou dando ordens. A acentuação ligeiramente estrangeirada, ainda que pura, a vibração um tanto febril, lânguida, agradável, mas extraordinariamente sonora dessa voz, que eu ouvira sem perceber as palavras, comovera-me." (continua)   

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